Coisas do Coração

Joguem Ergon na fogueira e Viva São João!

Posted in Coração by adilson borges on 16 de junho de 2009
João Zoghbi, a mulher e obstaculos. Agência Brasil

João Zoghbi tentando driblar obstáculos, em foto de José Cruz/ABr

 

 

 

 

 Quem esperava uma bomba nas investigações sobre as mil e uma irregularidades nas contratações dos senadores pode tirar as mãos do ouvido porque vai ter que se contentar com um arranjado e silencioso xabu. O Senado já abriu processos contra um ex-diretor de recursos humanos da casa, João Carlos Zoghbi, que, ressalte-se, não é um exemplo de santidade. Um cão danado, todos a ele, diziam os mais velhos.

Tudo indica que está em curso um processo para que o ex-diretor seja usado como instrumento de expiação de todos os pecados dos nobres senadores. Em outras palavras, o projeto dos arranjadores de sempre seria despejar sobre as costas de Zoghbi a responsabilidade por todas as falcatruas da Casa.

 Cite-se, como exemplo, o caso de José Sarney (do PMDB), que recebeu durante mais de um ano R$3.800 mensais como auxílio-moradia, destinado aos parlamentares sem imóvel no Distrito Federal. O honorável tem casa própria e, na qualidade de presidente do Senado, mora numa mansão, em Brasília.

Com o processo, o ex-diretor, funcionário efetivo, pode ser demitido da Casa e perder o direito à aposentadoria, que está pleiteando. Transformar o ex-diretor no Zoghbi expiatório não parece muito difícil devido ao seu currículo. Pesa contra ele, entre outras, a acusação de ter usado uma ex-babá como “laranja” em uma empresa para abocanhar comissões de convênios assinados pelo Senado. O ex-diretor receberia as comissões por autorizar empréstimos consignados a funcionários acima do valor das parcelas permitidas pela legalização, de 30% do salário.

Servidores responsáveis por realizar o desconto em folha dos empréstimos confirmaram a ilegalidade. E o próprio advogado de Zoghbi, Antonio Carlos de Almeida Castro, admitiu que seu cliente adotava esta prática. Mas fez uma declaração preocupante, que merece rígida investigação – o problema é saber quem investigaria. “O Senado inteiro sabia que isso era feito desta forma”, denunciou o advogado.

Baseado em depoimento no processo contra Zoghbi, o primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), determinou ainda a instauração de comissão de sindicância para investigar as supostas irregularidades que poderiam ter sido cometidas pelos servidores responsáveis pelo sistema de folha de pagamentos, chamado de Ergon. O sistema é visto como uma caixa-preta, e sua abertura revelaria outros problemas relativos ao funcionamento da casa dos senadores.

Pronto. Está aí outro bode expiatório. Se o nome do ex-diretor não colar, o Senado pode por a culpa em Ergon. Sistema de folha de pagamentos não se defende. Nem faz denúncia, como o defensor do xará do santo.

Coitado de São João!